Já vos imagino a uma distância considerável e inalcansável ao olho humano. Ainda não relembro mas já sei antever os silêncios que vos pensam e vos tentam participar pormenores vários de uma vida ainda não vivida. Não sei ainda porque me preservo da forma que o faço, pois apenas sei que meu escudo me alenta ao mesmo tempo que me transforma.
Já pinto imagens conhecidas para mais tarde saber que ainda existem e que, provavelmente, continuam no mesmo sítio de sempre. Percorro, sem querer, ruas e praças das quais nunca senti falta, nem mesmo agora. Os sopros que sempre sinto parecem-me tão familiares que nem lhes sei atribuir essência; sendo imprevisíveis, nem anunciam chegadas ou ausências, o que, de certa forma, sempre foi o que mais me atraiu neles.
O “agora” pertence-me, mas apenas por breves instantes. Todos os “agoras” retêm em si uma pertença inatingível, pois só deles dá conta quem o tempo controla. Eu não sei manipular tal magia. Quero apenas sentir muitos “agoras” agora.