É dificl perceber-me como alguém que não está quando a minha presença é possuidora de tão forte sentido, indiferente ao cenário que agora me encerra. Ao contrário de outros tempos, deambular é, agora, uma actividade livre a que o corpo recorre vezes demais, procurando sempre argumentos para dar vagar ao coração. Apesar de muitas serem as desconfianças do si-mesmo, o outro nunca se apresenta como espelho ou como reflexo, aparecendo apenas como o outro, aquele que não interfere nem deseja ser conjugado num plural constrangedor e próximo demais. Sem dúvida que o plural também aqui existe, contudo é conjugado numa base diferente e conscienciosa, onde reina o respeito e o cuidado com as acções, sejam estas verbais ou gestuais. Pensando bem, a grande diferença entre os cenários, baseia-se apenas no espaço que é cedido a cada um e o uso que se faz do mesmo, pois mesmo aqui se misturam espaços como se de campos energéticos se tratassem.
A fluidez dos dias, do que acontece por aqui e por acolá, obedecem apenas à mesma regra de sempre, o tempo. Sentindo apenas contrariedades quanto ao fluido temporal, continuo a pensar se não seremos todos influenciados pela dura ambiguidade com que sempre nos apresenta ou se, pelo contrário, ele se guia pela conjugação de seres que aparentamos ser, indecisos e boémios, sem certezas dos sins e dos nãos, mas sempre com a mais vil certeza realtivamente aos talvez. A sensação que tenho é que, no fundo, parecemos não ter ainda encontrado a nossa maior limitação e é por isso que ainda não entendemos como fazer a corrente dos tempos fluir a nosso favor.
Seja como for, o livre pensar aprenta-se sempre como a camuflagem mais que perfeita para escapar a tudo o que se relacione com limitações espacio-temporais. Os ecos soam lá ao longe, onde, possivelmente, alguém lhes dá algum sentido. para além daquele que pertence ao senso mais comum. Arbitrariedades à parte, joga-se agora num campo bem distinto do normal: a dupla-realidade, a que é e se ignora, e a que ainda não é (em essência) e se vive.
Controlar sempre foi uma acção que vive de mãos dadas com o poder. Com ou sem vontades/desejos, quem pode controla e quem controla tudo pode, não sendo esta a única ordem das acções, pois de mutabilidade também estão elas mascaradas.
Resta-nos poder sentir alguma vontade de controlar o que podemos ou não desejar, ou mesmo desejar algum controle sobre o que sentimos ou não vontade de poder fazer...
to be continued...