Thursday, 26 February 2009

Às vezes...sim

É dificl perceber-me como alguém que não está quando a minha presença é possuidora de tão forte sentido, indiferente ao cenário que agora me encerra. Ao contrário de outros tempos, deambular é, agora, uma actividade livre a que o corpo recorre vezes demais, procurando sempre argumentos para dar vagar ao coração. Apesar de muitas serem as desconfianças do si-mesmo, o outro nunca se apresenta como espelho ou como reflexo, aparecendo apenas como o outro, aquele que não interfere nem deseja ser conjugado num plural constrangedor e próximo demais. Sem dúvida que o plural também aqui existe, contudo é conjugado numa base diferente e conscienciosa, onde reina o respeito e o cuidado com as acções, sejam estas verbais ou gestuais.  Pensando bem, a grande diferença entre os cenários, baseia-se apenas no espaço que é cedido a cada um e o uso que se faz do mesmo, pois mesmo aqui se misturam espaços como se de campos energéticos se tratassem.

A fluidez dos dias, do que acontece por aqui e por acolá, obedecem apenas à mesma regra de sempre, o tempo. Sentindo apenas contrariedades quanto ao fluido temporal, continuo a pensar se não seremos todos influenciados pela dura ambiguidade com que sempre nos apresenta ou se, pelo contrário, ele se guia pela conjugação de seres que aparentamos ser, indecisos e boémios, sem certezas dos sins e dos nãos, mas sempre com a mais vil certeza realtivamente aos talvez. A sensação que tenho é que, no fundo, parecemos não ter ainda encontrado a nossa maior limitação e é por isso que ainda não entendemos  como fazer a corrente dos tempos fluir a nosso favor.

Seja como for, o livre pensar aprenta-se sempre como a camuflagem mais que perfeita para escapar a tudo o que se relacione com limitações espacio-temporais. Os ecos soam lá ao longe, onde, possivelmente, alguém lhes dá algum sentido. para além daquele que pertence ao senso mais comum. Arbitrariedades à parte, joga-se agora num campo bem distinto do normal: a dupla-realidade, a que é e se ignora, e a que ainda  não é (em essência) e se vive.

Controlar sempre foi uma acção que vive de mãos dadas com o poder. Com ou sem vontades/desejos, quem pode controla e quem controla tudo pode, não sendo esta a única ordem das acções, pois de mutabilidade também estão elas mascaradas.

Resta-nos poder sentir alguma vontade de controlar o que podemos ou não desejar, ou mesmo desejar algum controle sobre o que sentimos ou não vontade de poder fazer...

 

to be continued... 

Tuesday, 24 February 2009

Chega de Saudade by Tom Jobim

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinicius de Moraes