Tuesday, 8 December 2009

Recomendo pensar sobre...



Liberty and democracy become unholy when their hands are dyed red with innocent blood.

Gandhi, Non-violence in Peace and War, 1948

Thursday, 22 October 2009

As leituras que me chegam de Portugal

"Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!"


Miguel Sousa Tavares in "Expresso"

Tuesday, 20 October 2009

Outra recomendação




http://www.imdb.com/title/tt0461694/

Thursday, 15 October 2009

Recomendo




http://www.imdb.com/title/tt1078588/

Friday, 9 October 2009

Recomendo




http://www.imdb.com/title/tt1327801/

Sunday, 4 October 2009

Mad World - Gary Jules

bloco de notas

Sopra um frio gelado lá fora. Da janela vê-se o patio. A composição das folhas que balançam ao sabor do vento deixa antever o cobertor sobre o corpo quando a noite se decidir a chegar. Dentro do quarto uma vela dá cor ao ambiente, queimando lentamente
enquanto os minutos não se esgotam. A chávena do café insiste me manter-se cheia e quente. Ao som das melodias de sempre, aquelas que aconchegam o coração, os desejos de partilha permanecem intensos, mas ocos. Viaja-se então por entre as dimensões que nos favorecem a sentir de novo o que se deseja no agora e soltam-se suspiros de algum conformismo e muita contemplação. O olhar passeia-se no vazio, vendo apenas o real interno e deixando todo o mundo físico num qualquer plano nulo de existência. O céu varia entre uma variedade de tons cinzentos enquanto gaivotas se aventuram a dançar pelos ares frios e ventosos.
Lá em baixo, ao pé do mar, vi um raio de sol reflectido nas águas.

Thursday, 1 October 2009

Recomendo






http://www.imdb.com/title/tt1247692/

Monday, 28 September 2009

Plural&Singular

A alienação que sentimos é, por vezes, fruto da desorganização de sentires que percorrem o nosso espaço interior. Sem saber dar forma ou mesmo conteúdo ao que o coração sente, desconectam-se os dois mundos nos quais supostamente vivemos. E depois, o mesmo cenário, em que recapitulamos vezes sem conta e acabamos sempre por confirmar o mesmo, por vezes com um estranho acréscimo de desconforto que teima em pairar no ar. Não creio haver no mundo razão para tal alienação, pelo menos não da que nos transporta para fora de nós mesmos. Sem ter noção do que às vezes se
aproxima,tenta-se integrar sempre o antes, para que o agora se torne mais palpável, real e natural. Mas como a vida depende do equilibrio, não é de estranhar que nos deparemos dia sim dia não, com certos pensares que nos remetem de novo para a nossa condição e essência, e nos permitam retornar a nós mesmos, à nossa semelhança com o outro.
E assim se conjuga o singular e o plural em simultâneo, numa linda harmonia de vontades de ser.

Monday, 21 September 2009

Lisa Gerrard & Orbital - One Perfect Sunrise

Where'd you go? I miss you so
Seems like it's been forever that you've been gone

Please come back home...

Southern service to Brighton

Thursday, 10 September 2009

Recomendo: Hayao Miyazaki

My Neighbor Totoro [1988]




Princess Mononoke [1997]




Spirited Away [2001]




Howl`s Moving Castle [2004]




Ponyo on the Cliff by the Sea [2008]

Monday, 7 September 2009

Artigo

Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.

Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a
"prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.

Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER
mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.

Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.

A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.


Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita
e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.

Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.

Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o
que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.



Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma
coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.

E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de
notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.

Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica,
da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?

Vale e Azevedo pagou por todos?

Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?

Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?

Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?

Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?

Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?

Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.

No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?

As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.

E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecidas antes delas, quem as procurou?

E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?

Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.

E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?

E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?

O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.

E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?

E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.

Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.

Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.

Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de
crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças , de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.


Este é o maior fracasso da democracia portuguesa

por Clara Ferreira Alves in "Expresso"

Thursday, 18 June 2009

Citação

"Amar uma pessoa é achar que ela é perfeita e diferente de toda a gente. Mesmo que não o seja. É estúpido, mas o amor é assim, uma estupidez sublime!"

Álvaro Magalhães, Guardado no Coração

Thursday, 4 June 2009

Yann Tiersen - 19th May @ Concorde 2, Brighton





Pic by Mel K aka TristitiaQuaedam http://tristitiaquaedam.deviantart.com/

Thursday, 28 May 2009

Palavra

Deambulei. Nada dei de mim pois tudo deixei dentro de outro alguém. Deambulei sem rumo, fazendo vezes sem conta os caminhos de volta de quem por mim passava. Montes verdes, caminhos sinuosos, pedaços de vidas acontecendo todos ao mesmo tempo.
Deixei tudo para trás e caminhei.
Permaneci. Uma presença sem essência num cenário agitado e cheio de vida. Permaneci sem estar, proporcionando ao palco em questão o balanço natural entre o que é e o que deixa de ser.
Descobri um pouco mais do que já conhecia sem qualquer aparente interesse. Emergi no tumulto dos que nada fazem e tudo querem e continuei a evitar ser. Envolvi-me no ambiente e procurei.
Ainda existe no outro alguém um pouco de mim.

Friday, 15 May 2009

A não perder




http://www.imdb.com/title/tt0378284/







http://www.imdb.com/title/tt0417189/

Wednesday, 13 May 2009

Tuesday, 12 May 2009

Recomendo




http://www.imdb.com/title/tt0439100 /

Cancro da próstata

Querido pai,

Sinto-me só porque não te tenho perto. Quero abraçar-te e dizer-te que vai tudo correr bem, apesar das minhas lágrimas serem espelho do medo que me assola. Anseio estar na tua cabeceira e falar-te sobre qualquer coisa só para te ver sorrir e sentir o quanto gostas de mim. Estar longe duplica a proporção do que te atinge por dentro e eu não sei ver o real, não sei ver-te. Quero estar perto para te poder sorrir e acalentar teu coração… o meu bate por ti.

Monday, 20 April 2009

Recomendo



http://www.imdb.com/title/tt0206036/




http://www.imdb.com/title/tt0116607/

Wednesday, 25 March 2009

Painéis de controle

Talvez um dia entenda o significado de tantos obstáculos que se impõem quando tudo parece ser tão simples e realizável. Faz alguma confusão quando as nossas acções são constantemente impedidas de ter uma continuação normalmente assumida como “seguimento natural” e passam a ser obstruções a algo maior do que nós, algo que não nos é nunca possível de alcançar, essa tão desejada perfeição.
Para quê ser igual a todos quando se aspira a uma individualidade? Existirá alguma fórmula que devemos todos seguir? A fórmula da árvore da vida parece extinguir-se e apenas fazer sentido quando formamos o nosso pensamento, enquanto pré-adultos, pois passada essa destemida validade os ramos parecem murchar e não mais dar sentido ao que nos individualiza.
Por momentos, faz sentido o que todos os existencialistas radicais pensam de tudo o que se mecaniza e automatiza. Olhando bem à minha volta, tudo isso parece aplicado e bem estudado por quem decide que assim é melhor e assim será sempre melhor. A mente não segue a essência, apenas mente a si mesma.
Por conseguinte, só consegue ser feliz quem lucra. Nesta cadeia viciada há espaço para todos porque todos acabam por querer lucrar com os lucros alheios. E, no fundo, acabamos sempre a remar na mesma direcção, deixando para trás algo que nos humaniza… aos poucos e poucos parece que perdemos um pouco de nós e ganhamos um pouco dos outros. (Des)Equilíbrio.

Emiliana Torrini - March 14, St George`s Church, Brighton

Thursday, 26 February 2009

Às vezes...sim

É dificl perceber-me como alguém que não está quando a minha presença é possuidora de tão forte sentido, indiferente ao cenário que agora me encerra. Ao contrário de outros tempos, deambular é, agora, uma actividade livre a que o corpo recorre vezes demais, procurando sempre argumentos para dar vagar ao coração. Apesar de muitas serem as desconfianças do si-mesmo, o outro nunca se apresenta como espelho ou como reflexo, aparecendo apenas como o outro, aquele que não interfere nem deseja ser conjugado num plural constrangedor e próximo demais. Sem dúvida que o plural também aqui existe, contudo é conjugado numa base diferente e conscienciosa, onde reina o respeito e o cuidado com as acções, sejam estas verbais ou gestuais.  Pensando bem, a grande diferença entre os cenários, baseia-se apenas no espaço que é cedido a cada um e o uso que se faz do mesmo, pois mesmo aqui se misturam espaços como se de campos energéticos se tratassem.

A fluidez dos dias, do que acontece por aqui e por acolá, obedecem apenas à mesma regra de sempre, o tempo. Sentindo apenas contrariedades quanto ao fluido temporal, continuo a pensar se não seremos todos influenciados pela dura ambiguidade com que sempre nos apresenta ou se, pelo contrário, ele se guia pela conjugação de seres que aparentamos ser, indecisos e boémios, sem certezas dos sins e dos nãos, mas sempre com a mais vil certeza realtivamente aos talvez. A sensação que tenho é que, no fundo, parecemos não ter ainda encontrado a nossa maior limitação e é por isso que ainda não entendemos  como fazer a corrente dos tempos fluir a nosso favor.

Seja como for, o livre pensar aprenta-se sempre como a camuflagem mais que perfeita para escapar a tudo o que se relacione com limitações espacio-temporais. Os ecos soam lá ao longe, onde, possivelmente, alguém lhes dá algum sentido. para além daquele que pertence ao senso mais comum. Arbitrariedades à parte, joga-se agora num campo bem distinto do normal: a dupla-realidade, a que é e se ignora, e a que ainda  não é (em essência) e se vive.

Controlar sempre foi uma acção que vive de mãos dadas com o poder. Com ou sem vontades/desejos, quem pode controla e quem controla tudo pode, não sendo esta a única ordem das acções, pois de mutabilidade também estão elas mascaradas.

Resta-nos poder sentir alguma vontade de controlar o que podemos ou não desejar, ou mesmo desejar algum controle sobre o que sentimos ou não vontade de poder fazer...

 

to be continued... 

Tuesday, 24 February 2009

Chega de Saudade by Tom Jobim

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinicius de Moraes

Thursday, 29 January 2009

Why Not?


I've noticed you're around
I find you very attractive
Would you go to bed with me?
(Touch and Go - Would You...?)

Wednesday, 28 January 2009

A pensar...

(Há momentos em que parto para não sei onde. Na-
vegação espiritual. Ou dispersão na terra abstracta, a
única que se vê quando não se vê. São as grandes caça-
das dentro de mim mesmo, a busca da magia perdida,
uma palavra cintilante, uma perdiz imaginária, um so-
pro, um ritmo, uma esécie de bafo. Como o teu. Às
vezes sinto-o, outras não. Mas sei que estás aí, algures,
enroscado na minha própria solidão.)
in Cão como Nós, Manuel Alegre

Tuesday, 27 January 2009


Monday, 12 January 2009

Novas formas de ser

O coração bate mais rápido à medida que se pensa no que se quer entender. Consente-se esse sentir estranho que assola o estado de ser mas, em simultaneo, desejos de que tal estado se prolongue não são permanentes.
(Bate forte, mais forte)
Sentindo-se apenas um leve mau estar, parece que somos sugados num vácuo de incertezas sem se ter qualquer tipo de controle sobre a mente que se enrola e enrola em abstracções imaginadas. Num momento estamos sobre os montes a respirar uma infinidade de ar puro e, no outro, sente-se o ar escasso, o peso do mesmo e o difícil que é inspirar.
Salvem-se as intenções ou mesmo a negação de tudo o que permanece,pois nada parece ser o que, relamente, é.
Nos instantes seguintes, nada muda... Ciclo após ciclo, novos ciclos se originam, dando coninuidade ao que se tem desenvolvido.
Palavras sem fundamento querem parecer as correctas; contudo, se as existem, não as sei pronunciar. Quando tudo se apresenta num novo mundo de condições, regressamos à infância para aprender quase tudo de novo,pois quando pensamos já ter integrado em nós quem somos e como somos, somos surpreendidos com novas formas de ser.

Sunday, 4 January 2009

Excertos inacabados entre eu & tu

… gosto quando sonhamos juntas….

…encontrámo-nos tão cedo…
…fomos vivendo cada dia…
…eu não lia nada daquilo, mas hoje tudo faz sentido…
…e no entanto era apenas aquilo, fosse o que fosse era muito subtil…

…e eu pensei para mim: ”Ora, que merda!”…
…ó p`ra nós agora … Do que mais nos lembramos?...
…o banco em frente… A beber coca-cola e a comer porcarias…

…nunca deixes de sorrir…
…é algo que transmites muito amor…