Monday, 28 April 2008

sintonias


Hoje, como ontem, sentei-me, escrevi e sonhei um pouco mais.

Se me pergunto como o faço não sei encontrar reposta, pois tudo surge de forma natural, emergindo em mim como um simples estado de ser que se impõe. Sejam quais forem as circunstâncias que perante mim se desenrolam, aqueço-me e debito o que de mim transcende.


(rompe o som do violino, da flauta, do piano desafinado, de um qualquer sopro distinto... alguém
tentando expandir uma vocalização quase desesperada)


E hoje, como ontem, caminhei, sonhando.

Sem dar rumo aos planos, ao tumulto envolvente, passos vivem nos membros e seguem, apenas. Seguem e seguem-se, sem nunca se repetirem ou sentirem o mesmo de outrora. Desfilam perante tudo o que é natureza e tudo o que esconde a natureza... porque seguem, apenas.


Talvez amanha, como ontem, me sente e caminhe novamente.

Monday, 21 April 2008

Sei lá

Dificilmente consigo alcançar um qualquer conforto em espaços como este, que não me pertencem, mas aos quais estou indirectamente ligada. A não pertença combina-se com a ausência, dando lugar à procura; procura de um espaço que espelhe tal qual o meu sorriso, assim mesmo como ele é e sente. As amarras estão praticamente soltas; anseia desprender-se de vez, deixando de vigiar continuamente obstáculos um tanto ou quanto macabros e surreais. Aquando
presa, poucos sentidos encontrei; agora quase solta, tento seleccionar sentidos que, numa bidireccionalidade objectiva demais, me direccionam ao espaço que, doravante, me irá pertencer.

Não anseio fugas ou escapatórias, mas oportunidades para olhar o infinito e fazer parte dele. Procuro um campo de flores onde possa, sem restrições, colher flores para ti, para ti e para ti...cada uma delas transportando essências tão particulares quantas as que vivem em cada um de nós.
Os sentidos accionam em nós alarmes de mudança.
Os meus acabaram de me despertar.

Sunday, 20 April 2008

Livre metáfora

uma minúscula partícula de mim tenta conciliar pensamentos.

ao lado de uma pequena mas permanente frustração académica, está uma vontade de saltar rumo às núvens, para nelas me deixar permanecer. Houvesse em mim coragem para o fazer e já outra história vos estaria a contar.
Tento contar os passos que daria até chegar lá acima...seriam tantos quantos aqueles que me impõe para chegar ao conhecimento absoluto e absurdo das práticas educativas que um dia alguém decidiu que seriam as melhores (pior: alguém ainda pensa que são mesmo as melhores e mais adequadas!)

A janela propõe-se então como escapatória ao terreno das práticas desarticuladas dos anos 80. Desconfio que mais de metade da inteligência no mundo desabrochou nessa época e por aí ficou. E, caso não se tenha perdido mas ande escondida, peço aos céus que se mostre, para que em mim se ilumine a chama da confiança e significado.

Dada a hora, já as núvens se dissiparam por entre as tonalidades escuras do céu. Assim também o conhecimento adquirido à pressão se dissipa, sempre mais depressa do que se espera.

Deixemos o passado no seu lugar. Não faz sentido tomá-lo como parte do presente quando no agora se faz tanto.

Saturday, 19 April 2008

Somos


olho a mala vermelha deixada propositadamente em cima da cama. dentro dela encontra-se um pequeno pedaço de ti, do teu corpo que explorei. não lhe toco com receio de que o meu cheiro se misture com o teu... quero apenas o teu. mantenho-a onde quero, sempre perto. quero-a ali, naquele canto. posso ve-la de qualquer perspectiva ... e presencio-te quando toco, com gestos sempre suaves, e sinto a textura, o perfume. leva-me para longe, leva-me até ti, amor...


quero-te a ti, num cenário com luzes de natal. quero-te numa carpete áspera onde passemos horas a fazer isto e aquilo. quero-te num quarto com uma janela sempre meio aberta, com vista para todos aqueles que por ela passam. quero-te. quero-te numa cozinha onde partes queijo sobre uma mesa sempre com pedaços de vidas de outros. quero-te frente a um espelho, sentada num banco a arranjar a franja. quero-te em frente ao pc a escolher as músicas mais belas. quero-te a olhar para mim e a cantar. quero-te, quero-te, quero-te. quero-te a sair de manhã lutando contra a vontade de ficar. quero-te a beber cidra enquanto eu bebo coca-cola. quero-te a fazer amor comigo. quero-te a passear na rua comigo, de mãos dadas. quero-te a sorrir e abraçada a mim. quero-te sempre porque sim.
Pic by Mel K.

Monday, 14 April 2008

Mais um pequeno pedaço de Self

sento-me e descrevo o que olhar não vê, mas o que o coração sente.
assim de repente, lembro-me dos cheiros e vivências a que agora me comprometo.
as distâncias estão tão longe que pouco conseguem alcançar...não lhes sinto muita falta. O que agora me situa tem um maior sentido, assim como uma realidade mais conveniente, e será talvez por isso que me deixo levar, como quem apanha um comboio com destino "realidade".

os destinos assim são menos crueis, mais afáveis e calorosos. Mesmo que, por momentos conscientes, me deixe permanecer em situações e vidas comuns, experimento movimentar-me e apurar-me em novos sabores. E que bem me sabem!

continuo, no entanto, a pensar que regresso e des-regresso. Tanto mais, retenho o meu pensamento em passos de corrida que vão sendo necessários e como preciso aprender a correr...sempre a direito, sem atalhos ou falsas pistas. Descortinar olhares e traços que invejam... associar proezas a bem-estar espiritual.

em sentido contrário, a evolução não é possivel. É no sentido da descoberta (o que tem continuidade) que pretendo caminhar rumo a mim mesma, como quem desbrava terrenos à procura de sementes da terra.

Sunday, 6 April 2008

NÃO SE ACEITAM MAIS TRADUÇÕES ATÉ AO FINAL DO MILÉNIO!!

Atenciosamente,
A.

Thursday, 3 April 2008

Des(encontros)

o fenómeno de lançamentos de livros, pequenas palestras, tertúlias - em particular os da área científa - geram sempre um aglomerado de pessoas do círculo. Pessoas essas que se cumprimentam e sorriem sempre, para onde quer que virem a cabeça, parecendo procurar constantemente novos conhecidos para abraçar e dizerem, com o sorriso, "eu também estou aqui, estás a ver?".

é do meu particular interesse observar estes comportamentos, na medida em que sou sempre das pessoas que não conhece ninguém, não cumprimenta nem abraça ser algum. Não me sinto peixe fora de água, sinto apenas que me deixam nadar à vontade em àguas comuns.
E a conversa e os sorrisinhos nunca acabam... mesmo durante a apresentação, deixam escapar um adeus àquela que ali ficou na mesa do fundo; ou então uma pequena mímica feita ao colega Dr., tentando passar desajeitadamente as palavras "a gente ve-se no café depois,ta?". O Dr. solta um ok (e mais um sorriso) - e neste momento já devem ter perdido alguma das ideias mais interessantes partilhadas pelo orador. Mas pelo menos o café ficou combinado!

após os devidos discursos, era hora de presentear o público com alguns momentos musicais: ora temos um fadinho, ora um sambinha. O radical nisto tudo foi ainda termos um jazz e um remix... e tudo isto com as simples palavras de Florbela Espanca...ai o amor, ai o amor!!

quando dou por mim, já a sessão acabou e todos se dirigem para um novo aglomerado. caminho para lá e... fez-se luz!após uns copos de vinho do pó, uns canapés e uns dedos de conversa, lá comprei o livro da senhora - afinal, gostei de tudo à volta dela, sejam palavras,
sorrisos ou expressões.

Referência (não segundo as normas da cooperativa...poupem-me) - "Eu quero amar, amar perdidamente" Isabel Abecassis Empis

não sei discernir bem se gosto destes eventos pelo facto de ser sempre anónima entre os presentes, ou se, pelo contrário e pegando na ideia da minha acompanhante de sempre nestas rondas, "a gente gosta é de festa!"

independente da razão,venha a próxima :)

Tuesday, 1 April 2008

*

vamos extrapolar o ridiculo...porque não? hajam almas corajosas que o façam prontamente!!desafio quem neste jogo entrar a trasnformar-se, a desejar-se. não cedam a limites, ultrapassem-nos e ergam-se...
não se cansem, não deixem de desejar, vamos embriagar-nos de sentires e actos ilegais!

(o corpo estendido no chão, ofegante, não quer cessar... chama por mais, anseia o limite)

as palavras coexistem com ritmos pretensiosos de imagens pensadas, mesmo que ninguém lhes perceba o sentido. afinal, o ridiculo de ser ridiculo é ser apenas ridiculo...com loucura, sem lógica significativa. e o que atrai em tudo isto é a desforra contra a seriedade e limitação, a prisão do não ser politicamente correcto.
assustador? não, de todo. libertador? por certo será.

peace*

ausências e constrangimentos

o "deparar-me com", depois de uma breve ausência, empurra-me, de súbito, para um agir pouco pensado, impulsivo e deveras estranho. com alguma comédia negra pelo meio, vejo que estas situações acontecem de forma totalmente imprevista e sem lugar previamente marcado.
moldado também pela sua sequência extensa e numerosa, dou vagar à memória para retornar a outros tais momentos incólomes. sinto então que um filme desfragmentado se desenrola perante mim, e pedaços de pedaços meus se tentam unir com o intuito de formar um sentido que nitidamente nunca teve...nem terá.
de braços dados, vem uma imaginação discreta, que tenta vestir-se de transparente e passar despercebida. a desgraça está mesmo nessa trasnparência... porque se vê. e nela se afiguram vultos desordenados de passados um tanto ou quanto atormentados, seja pela alegria, ou pela insanidade de ser alegre.
nesta sequência doentia, tenta, ainda que timidamente, emergir a lógica das pertenças. sim, porque perante a descrição acima elaborada, uma certa confusão reina no mundo dos pensadores pensantes. mas, como é sabido, ninguém se descuida de um laço prontamente amarrado ao peito, junto à bomba que nos permite viver e, sobretudo, gostar de viver.
quebram-se as leis, derrubam-se muros, debatem-se ideias, transformam-se mentes...
e tudo isto à mercê de qualquer um, sem custos adicionais.

have a nice day :)